domingo, 11 de dezembro de 2011

O silêncio do vinho







Antes de começar, gostaria de dedicar esse texto a um garoto irritante, impertinente e inesquecível.
Imecerecedor do meu tempo e o grande percursor das minhas poesias.
Das minhas rimas mais primitivas aos meus versos mais elaborados.
É a ele que devo agradacer.
Infelizmente.



O silêncio do vinho.


É aquela velha história...
Repete-se, mas não se modifica. Está intacta no gerúndio.
Ainda crescem hibiscos na árvore que nos acolheu e absorveu os últimos raios-de-sol daquele dia incompleto e contínuo.

Eu vejo sentado. Eu vejo você levantar. Eu vejo você ir embora, mas antes...

Seu silêncio me ensina muito mais do que todas as palavras que você tinha a dizer.
"Vocês tem uma estranheza em comum"
Foi o que me disseram. Que eu em toda minha esquisitice solitária, combinava com sua esquisitice mais bizarra.

Não nascemos para isso.

Quantos não foram os mundos que conhecemos? Quantos não foram os segredos que continuamos guardando?

Aquela que existiu e te amou, acorda com uma leve lembrança, você será sempre sexy calado.

Foi isso que nos manteve juntos: 
o silêncio. 
Sem nenhuma palavra, você me revelou tudo, e nós continuamos separados. 
Entretanto você mantém seu charme calado.

Não importa quantas vezes eu repita as palavras daquele dia, a imagem que guardo de você está imersa no silêncio. Mantém o o mistério que investiguei e não resolvi.

As duas manchas de vinho tinto que formavam seus olhos, fitavam-me.E é desse modo que serás eterno.

Duas folhas secas de outono fitavam duas manchas de vinho tinto. Numa troca de olhar que penetrava as mentes, e os estranhos se reconheciam.

Um lenço, um caderno e um sombra tem muito a dizer sobre nós. Porém o melhor de você só se revela no silêncio. Lembro-me do que disse calado. Lembro-me do seu 'até mais' que foi um adeus. Eu vejo você ir embora, mas antes...

Lembro-me da pulsação, dos sorrisos e comprimentos. Lembro-me dos livros e dos lamentos, mas nada fará me esquecer o silêncio.

Entre meus lábios não ouso repetir as palavras que lhe entreguei. Entre meus lábios guardo apenas o gosto amargo do vinho que não provei.

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