Diga-me nesse infortúnio descaso
O valor que meu abraço
Firme e possessivo
Teve pra você?
Faleci!
Naquele adeus que não quis dar
Percorri o mundo pra te procurar
Mas só te encontrei em meu crânio
Só te vi em nebulosas paisagens
Que os anjos nos trazem
Enquanto dormimos
Tu foste o perigo
Do qual normalmente fugimos
Mas eu insisti em marcar
As células com as quais te toquei faleceram
Mas tu estás aqui
Presente em mim
Gravado em pele
Gravado em lápide
E que se sele
Nesse universo pequeno
Que vivemos e morremos
Esquecendo do que nos impele
A viver e viver de novo
Minha linguagem não é eficaz
Para mostrar-te o que
Torna-me capaz
De morrer sem ser defunto
Sim!
Estou morrendo
Morrendo pela espera que não finda
Pelas ruas que entro
Desejo que um pedaço meu se extingua
Pois não nasci completa
E não me completarei
Até o fim dos tempos
Sou esqueleto!
Apenas osso sem mensagem
Que deforma as paisagens
Do mundo em qual vivemos
Sou tinta fulera
Que descasca com o tempo
Que não brilha, nem seduz
Pois nasci como um invento
Sem função, sem tema, nem luz
Sou desgraça plantada
No jardim da inconsciência
Sou uma fera que se esfaqueia
Que se dilacera e esbraseia
Procurando o fim
De sua própria existência
Sou o destino incerto
Ao qual me propus
Adorei!
ResponderExcluirMe faz pensar se realmente devemos mudar.E será que devemos??!