terça-feira, 10 de maio de 2011

Aos mortos de minha vida


Amei-os do modo

Que me foi permitido

E sofri ao vê-los entregues

Nas mãos da eternidade


Invejei-os tão avidamente

E por culpa da saudade

Quis segui-los e reencontrá-los


Pois se um morre

Mata um pedaço de alguém

Há vestígios vivos de vocês

Nas partes mortas de mim

Quem morre mata também


No fundo

Quem morre continua vivo

E quem continua vivo

Morre ao ver o vivo morrer


No fundo ninguém morre

Pois se um continua vivo

Há espaço pro morto sobreviver


A morte corta o fio da vida

Não os laços que nos unem

Os mesmos laços punem

Os mesmos laços curam as feridas


A morte não castiga quem vai

A morte mata quem fica


Quem está indo quer ficar

E quem fica quer seguir

Não por que morrer é a solução

Mas porque o que conta é a união

O que mata é a separação

Dos que não poderão mais se ver


Pois viver sem que se ama

Não é viver


O que mata

Não é a morte

Pois a morte dá uma nova vida


O que mata

É ficar entregue a sorte

E só aprender a viver

Depois de uma despedida.

2 comentários:

  1. Suas poesias estão dava vez mais bonitas e a qualidade deles só aumenta. Continue escrevendo sempre, a cada novo poema você se supera, escreve algo que vem de dentro da sua alma e por isso se torna tão belo!

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  2. Belo! Parece que você acerto na hora de escrever, pois me fez mudar totalmente de idéia.

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