Lamento por não estar trazendo a vocês um poema, sei que o blog é “resgate a poesia”, mas ultimamente meus pensamentos não querem sair em rima. O importante, entretanto é que continuo escrevendo, e o blog é meu de qualquer forma.
Hoje quero compartilhar com vocês uma reflexão que tive.
Toda vez que estou deprimida eu acesso meus arquivos de memórias e deixo minhas lembranças fluírem como um filme. Às vezes isso é bom, porque começo a ter ataques de riso sozinha (como semana passada me aconteceu no trabalho enquanto eu lembrava do dia 08/01/11), e me distraio. Em outras isso é péssimo, porque resgato coisas que não digeri muito bem e deprimida não consigo digerir, causando-me só mais transtornos. E às vezes eu lembro de coisas que a principio são inúteis (um comentário numa aula de física, um pensamento idiota, uns objetos dos tempos de criança etc...). E essas coisas tolas me fazem pensar, e pensar, e pensar até que não aguento mantê-las na mente e jogo-as no papel.
Lembrei-me hoje de uma discussão que certa vez ocorreu numa aula de física no meu terceiro ano. Não posso dizer que me lembro exatamente da discussão, pois sempre estive meio desconectada nas aulas de física, mas sei que o assunto era tele-transportação (devo dizer que de todos os poderes que a gente vê nos X-man, sempre achei tele-transportação o mais útil).
Segundo a professora, algum doido por ai tinha conseguido atrasar um feixe de luz e blá, blá, blá (eu não escutei essa parte por que estava concentrada no desenho que estava fazendo na beirada do caderno). Minha atenção é chamada quando escuto (numa das pausas que dei para analisar minha obra): E esse é o princípio para o tele-transporte. Larguei meu desenhinho, cruzei as mãos sobre o caderno e prestei atenção ao que falavam.
Minha turma se empolgou com o assunto e começou a falar das vantagens do tele-transporte, e uma coisa que todo mundo concordou foi que se assim fosse descoberto seria muito bom porque ‘economizariam tempo’.
E eis que é nesse ponto que eu quero chegar.
Responda-me querido leitor: Você está realmente preparado para ‘economizar tempo’?
Descobri esses dias que uma pessoa que reclama todos os dias de alguma coisa, em um mês engorda até 5 kg (sério!). Então eu parei para analisar minha vida e descobrir qual era minha reclamação constante. Adivinhe!
Vamos, não é difícil e você provavelmente também reclama bastante quanto a isso.
· Não dá, falta tempo.
· Eu não tenho mais tempo para nada.
· Ai que saco! Minha vida tá muito corrida.
Fatos interessantes: Na idade média demoravam se meses para sua carta chegar ao seu destino, mesmo assim as pessoas não deixavam de se corresponder.
Antigamente vivia se menos, mas se fazia muito mais.
E hoje nossa maior fonte de insatisfação é essa maldita ‘falta de tempo’.
Foi nessa reflexão que estive queimando meus neurônios hoje. Eis minha conclusão:
Reconheçam gente, que nós já economizamos tempo que chega. Nossos e-mails chegam instantaneamente, nossa comida fica pronta mais rápido, nossos eletrodomésticos são cada vez mais práticos.
Está faltando tempo aonde?
Não está faltando tempo para nada.
Certa vez uma pessoa me disse “Você faz seu tempo” (algo assim), e apesar de no dia eu estar mais interessada em reclamar do que em encontrar uma solução, tenho que admitir (pela enésima vez) que essa pessoa estava certa (como quase sempre está).
Nossa geração infelizmente aprendeu a se importar mais com quantidade e/ou com rapidez do que com qualidade.
E o problema nem está em “não sabermos aproveitá-lo”, talvez isso a gente nunca aprenda. O problema é que nos esquecemos dos pesos e valores dos momentos. Prendemo-nos a:
· Quantas horas eu fiz...
· Quantos anos eu fiz
Mas nenhuma contagem que fizermos “em quanto tempo” estará correta. Confundi você agora, né? Não? Ahhhhhhhh
Por exemplo: Minha madrinha morreu quando eu tinha 11 anos, então tecnicamente eu convivi com ela por 11 anos, mas se eu contar segundo por segundo o tempo que eu passei com ela, talvez não some nem 5 anos. Entretanto cada segundo que eu passei com ela vale mais que 100 anos trabalhos (já pensou, que horror!)
O mais injusto dessa nossa rotina estressante, é justamente o fato de passamos mais tempo trabalhando do que aproveitando nossa existência ao lado de quem gostamos. Mas também é isso que nós faz aproveitarmos melhor o tempo que passamos junto dessas pessoas. Com um pouquinho menos, parece que se tem muito mais. Agora eu te confundi, né?
Susan Boyle (eu tenho que usar esse exemplo, pois estou ouvindo ela nesse momento), viveu 47 anos por viver nessa Terra, mas lhe bastaram 3 minutos em cima de um palco para que ela mudasse a consciência de muita gente. Tenho certeza de que para ela, aqueles 3 minutos valeram toda sua existência.
Quando você me fala por exemplo, que não está tendo tempo para ler, eu sinto-me obrigada a lhe perguntar: Quanto tempo disponível você precisa ter para achar que tem tempo pra ler? Será que você não sabe que pode ler um parágrafo que seja por dia, e isso transformará o fim de sua leitura inevitável.
Comprei certa vez um kit chamado “Aprenda japonês em 15 minutos”. Ela já chamava a atenção por parecer prático, mas quando eu comecei a praticá-lo (eu estava desempregada, sem nada pra fazer o dia todo) eu treinava umas três horas por dia, e uma das primeiras coisas que fiz ao começar a trabalhar foi largar esse material num canto e julgar não ter mais tempo para ele.
Só que hoje eu tenho certeza que se eu tirasse 15 minutos (15 MINUTOS) do meu dia pra estudá-lo, hoje eu estaria falando o básico do básico do básico... :P do japonês. Por causa dessa falsa impressão que quantidade (nesse caso é quantidade) é igual à qualidade eu estou apenas no português/inglês.
Finalizo aqui deixando uma dica. Se você quer fazer alguma coisa, se você tem algum propósito, mas julga não ter tempo para concretizá-lo, tire por dia uns 15 minutos para deixar-se envolver com esse projeto. Seja só pensando nele, seja concretizando aos poucos.
Se você acha que sua rotina está te corroendo e matando aos poucos, você não precisa necessariamente mudá-la bruscamente. Basta por um pouquinho mais de cor :P
Com esse pouquinho você obterá muito, estou certa disso.
Ah! Lembram que eu estava falando de lembranças de objetos dos tempos de criança? Alguém ai se lembra daqueles chinelos Rider? Aguardem pra saber o que tenho pra falar sobre eles.